sábado, 26 de maio de 2012

Dor Cativa



O coração
Ferido pelo punhal
Luta pra sobreviver
Entre tantos corações
E feridas tão diversas.
Por estradas tortuosas
Em noites de tempestade
Anda com dificuldade
Procurando pelo sol
Que um novo amanhecer
Logo possa lhe trazer.
Qualquer simbolismo de alívio
Toda chance de recomeço
Ilusória conquista
Feita por quem não findou
O capítulo da história.
Coração desnorteado
Ferido e amordaçado
Com vontade de gritar
Com vontade de fugir
Procurando pela glória
Quando sabe que anda em círculos
Por estradas tortuosas
Em noites de tempestade
Estas noites mal dormidas
Entre lençóis solitários
(Noites que já não têm fim)
Coração em maus lençóis
Rouco, ofegante e cansado
Extenuado, ofegante
(Dor cativa e cativante) 
Sentindo-se golpeado
Sem sentido ou direção
Coração aprisionado
Coração que mora em mim.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Passeios da Alma


A alma passeia por um passado que não passou
Se apegando a lembranças acorrentadas
Aos pés de quem sumiu com as chaves.

O peso é tudo que foi e o que poderia ser
É toda dúvida e todo fato
Palavras, tão desnecessárias, sempre acabam sendo ditas
E o que deveria ir embora teima em permanecer.

A alma passeia por algum lugar
Disfarçada de melodia
Travestida de canção
Na busca vã por sentido.

Pela fresta da porta, entreaberta
Entra o vento frio do amor de mentira
Que gélido, insiste em se fazer notar.

A alma alimenta a ilusão, ainda que 
os corações saibam que precisam do adeus
Para se libertar.

A razão é uma gota do bom senso que restou
Daquele copo d'água que transbordou
E que sabe que, por esse caminho
A alma não há de chegar...
A nenhum lugar.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sob os Escombros



Sob os escombros
Desde o dia
Em que o mundo desmoronou
Em que as estrelas deixaram de brilhar
E o sol deixou de nascer.
Desde o dia
Em que a lua se escondeu
Em que as nuvens fizeram moradia
Chove incessantemente
E falta a companhia.
Não há sorrisos e tampouco
Brilho em algum olhar.
Debaixo deles - os escombros
Ainda não é possível
Alguma luz enxergar
Talvez pareça
Mais seguro
Permanecer por aqui
Até achar 
Algum caminho
Por onde queira seguir
Até que o peso seja tirado
De cima do coração
Até que consiga mover-se
Numa dada direção.
São só escombros
Foi só um mundo
Que decidiu desabar
Parece pouco
Parece simples
Pra quem se restringe a olhar.
Só compreende
Conhece a dor
Quem já esteve por lá:
Sob os escombros
Num pesadelo
Do qual não se pode acordar.


Música: Bleeding Heart - Angra 





quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Alívio do Esquecimento



Lembranças me martirizam
A dor, quase posso tocar.
Cada dia que inicia
É como um pesadelo
Do qual não consigo  acordar.
Meus dias nublaram pra sempre
E esse 'sempre' não tem data pra acabar
Mas o sempre que eu pensei existir
Teve dia e horário pro fim.
As paredes do quarto me entendem
Solidão é a única aliada
Encontro refúgio nas palavras
Atirando-as, como balas
Pra sentir esvaziar, mesmo aos poucos
O coração que está cheio de dor
De ausências
Arrependimentos
Mágoa, ódio e ressentimento
Eu só peço pro tempo passar
E pra solidão ser amiga
Que a cada dia que eu conte
Subtraia-se um pouco da angústia
Que um novo amanhecer me traga
Não a tristeza por acordar viva
Mas o alívio do esquecimento.


Música: Veneno - Libra