quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Platônico



Perto e Distante
Real e Imaginário
Sonho do qual se acorda
E se tenta recordar.

Estrela.
Lua.
Luar.

Que se contempla, ao longe
E não se pode alcançar.

Mundos distantes,
Separados.
Outrora entrelaçados
Hoje, são só saudade.

São como duas metades
-quase uma simetria-
dois mundos sem cuidado.
Um para cada lado.



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Palavras Invisíveis


Chega um tempo em que as palavras somem.
É quando você se sente cansada.
É quando você já não tem mais forças.
É quando você não sabe mais o que fazer
Talvez porque não haja nada a ser feito.
E você sabe que já tentou demais.
E seus recursos se esgotaram.
E todo esforço parece inútil.
E não há sinal que você possa emitir
Que possa ser entendido onde quer que seja.
Como a mensagem numa garrafa
Que viaja pelos mares
Mas ninguém vai encontrar.
Como um S.O.S na areia
Que ninguém consegue enxergar.
Então você se cansa de esperar
Aquelas cartas que nunca vão chegar.
Você se cansa de tentar.
Você se cansa de acreditar.
Você simplesmente se cansa.
É quando você queria ter algum lugar
Pra ir embora, sem deixar rastros.
É como se quisesse se despir dessa vida
Pra vestir  outra em qualquer lugar.
Seriam as desistências atos de covardia?
Seriam elas assumir uma derrota?
Ou seriam o mais sensato?
Um ato de coragem
Diante das decisões que imploram para ser tomadas,
Diante da inutilidade de andar em círculos?
O que sei é que gostaria
De voar pra tão longe
Que somente quem se importasse
Fosse capaz de chegar
E me encontrar.
E me alcançar.
E me acolher.
Me fazer acreditar
Que ainda existem respostas
Pra se buscar.
Que ainda existe uma causa
Pela qual lutar.
Que ainda existe um caminho
Pros meus pés cansados.
Que ainda existe uma cura
Pras minhas asas quebradas.

domingo, 17 de agosto de 2014

(...)


Hoje quando cheguei em casa
Eu quis me livrar do peso da minha máscara
Que eu não uso por maldade,
Mas só pra me proteger
Das dores, dos danos, companhias antigas
Que há algum tempo mandei embora,
Expulsei da minha vida.
Porém recordei-me
Que eles podem achar o caminho de volta
E então decidi mantê-la 
E seu peso suportar.
Sorte de quem vê além,
De quem vê com o coração
E através dela enxergar.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Faça-me um estrago


Faça um estrago.
Me tire do tédio.
Me desestabilize.
Me chacoalhe.
Me surpreenda,
Vida, querida.
Meu coração aventureiro
Não nasceu para o conforto de dias iguais
Pra nenhum sofá em frente à TV
Numa noite dessas em que a lua brilha
E convida ao delírio.
Enlouqueça-me.
Enfureça-me.
Provoque-me.
Seja para mim um turbilhão de tudo
Nesses dias em que não acontece nada.
Já parei pra pensar, já refleti demais.
Agora eu quero mais.
Livra-me do meu conforto
Faça-me saltar do mais alto penhasco
Pois tenho asas e sei voar
Não é no chão que quero ficar.
A inércia adoece
Quando o risco e a loucura
São a única redenção,
A condição para a cura.



sexta-feira, 4 de abril de 2014

Que eu ficaria bem


Que eu estaria bem
Mesmo que me sentisse sozinha.
Que eu ficaria bem
Mesmo que todos me crucificassem.
Que eu permaneceria de pé
Mesmo que meu mundo estivesse desabando.
Que eu me manteria orgulhosa
Mesmo diante do silêncio que angustia.
Que eu permaneceria calma
Mesmo que o inferno se instalasse ao meu redor.
Que eu ficaria feliz
Mesmo que o céu nublasse para sempre.
Que eu não quisesse desejar nada
Mesmo ao ver uma estrela cadente.
Que eu seria compreendida
Mesmo nadando contra a corrente.
Que eu seria lembrada
Mesmo que passasse dez anos ausente.
Que eu não precisasse dizer nada
Mesmo sendo incompreensível.
Que eu permanecesse forte
Mesmo que estivesse aos pedaços.
Que eu me manteria indiferente
Mesmo que o amor decidisse renascer.
Que eu ficaria em paz
Mesmo me lembrando de você.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Estrela Cadente


Essa menina que vive no mundo da lua
Não sabe que as estrelas mentem para ela
Ela vê vidro e enxerga cristais
Quando olha pela janela.
Sonha acordada dias inteiros
Com  a estrela cadente no olhar de alguém.
Faz pedidos, alimenta desejos
Com uma esperança quase infantil
-Essa, que só ela tem.
Menina, te acalma e acorda
Que isso que brilha lá fora
Não é a cor dos cabelos de alguém.
É somente o sol que anuncia
O início de um novo dia,
Que a realidade te espera.
Portanto, desça das nuvens
Porque a vida te precisa
Com os pés firmes na Terra.
Volta do mundo da lua
Que aquela estrela cadente
No olhar um dia presente
Já passou, já passou, se foi
Sem realizar desejos,
Efêmera, como sempre.


sexta-feira, 14 de março de 2014

Lua Breve



Tens o mistério das noites de inverno
Que se escondem atrás das nuvens.
Tens no olhar uma Lua bonita
Tímida Lua que não me deixa alcançá-la.
Tens o brilho de uma estrela cadente
Que, fugaz, me encanta e se vai.
Vez ou outra retorna, reluzente
Fazendo-me fechar os olhos 
E desejar contemplar  novamente
Essa Lua no teu olhar.
Doce e misteriosa canção
Soando como o canto de um pássaro
Que pousa na minha janela 
E depois vai embora, voa
Pra longe, longe daqui
Deixando na memória um canto
De saudade e encantamento
E um desejo obstinado:
 Esse de voltar no tempo.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Passagem



Acabaram-se as festas
Apagaram-se as luzes
Cessou a embriaguez
Foram-se os sorrisos
Agora estamos sós,
A sós
Agora somos só eu e ela.
Olho pela janela
Tanto faz um céu cinzento
Ou o sol, ou tempestade
Nada parece importar
Resta o tédio,
O silêncio.
Velhas dúvidas
E uma só pergunta:
Por quê?