terça-feira, 24 de abril de 2012

Passeios da Alma


A alma passeia por um passado que não passou
Se apegando a lembranças acorrentadas
Aos pés de quem sumiu com as chaves.

O peso é tudo que foi e o que poderia ser
É toda dúvida e todo fato
Palavras, tão desnecessárias, sempre acabam sendo ditas
E o que deveria ir embora teima em permanecer.

A alma passeia por algum lugar
Disfarçada de melodia
Travestida de canção
Na busca vã por sentido.

Pela fresta da porta, entreaberta
Entra o vento frio do amor de mentira
Que gélido, insiste em se fazer notar.

A alma alimenta a ilusão, ainda que 
os corações saibam que precisam do adeus
Para se libertar.

A razão é uma gota do bom senso que restou
Daquele copo d'água que transbordou
E que sabe que, por esse caminho
A alma não há de chegar...
A nenhum lugar.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sob os Escombros



Sob os escombros
Desde o dia
Em que o mundo desmoronou
Em que as estrelas deixaram de brilhar
E o sol deixou de nascer.
Desde o dia
Em que a lua se escondeu
Em que as nuvens fizeram moradia
Chove incessantemente
E falta a companhia.
Não há sorrisos e tampouco
Brilho em algum olhar.
Debaixo deles - os escombros
Ainda não é possível
Alguma luz enxergar
Talvez pareça
Mais seguro
Permanecer por aqui
Até achar 
Algum caminho
Por onde queira seguir
Até que o peso seja tirado
De cima do coração
Até que consiga mover-se
Numa dada direção.
São só escombros
Foi só um mundo
Que decidiu desabar
Parece pouco
Parece simples
Pra quem se restringe a olhar.
Só compreende
Conhece a dor
Quem já esteve por lá:
Sob os escombros
Num pesadelo
Do qual não se pode acordar.


Música: Bleeding Heart - Angra 





quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Alívio do Esquecimento



Lembranças me martirizam
A dor, quase posso tocar.
Cada dia que inicia
É como um pesadelo
Do qual não consigo  acordar.
Meus dias nublaram pra sempre
E esse 'sempre' não tem data pra acabar
Mas o sempre que eu pensei existir
Teve dia e horário pro fim.
As paredes do quarto me entendem
Solidão é a única aliada
Encontro refúgio nas palavras
Atirando-as, como balas
Pra sentir esvaziar, mesmo aos poucos
O coração que está cheio de dor
De ausências
Arrependimentos
Mágoa, ódio e ressentimento
Eu só peço pro tempo passar
E pra solidão ser amiga
Que a cada dia que eu conte
Subtraia-se um pouco da angústia
Que um novo amanhecer me traga
Não a tristeza por acordar viva
Mas o alívio do esquecimento.


Música: Veneno - Libra