quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A doce liberdade do adeus


Livre!
É reconfortante a sensação de leveza
Deixada pela ausência
Quem diria!
O que um dia me causou aborrecimentos
Hoje me trouxe alegria
A alegria de perceber que estou assim:
Livre!
Livre de sentimentos sem futuro
De dores desnecessárias
Dos exageros da mente com seus tolos devaneios
Dos caprichos infantis do coração
Do gasto de energia à toa
Da perda de tempo
Das esperas intermináveis
E tanto faz o silêncio.
Silêncio para mim é a paz, agora
Aquela que perdi outrora
Mas tornei a encontrar.
Talvez devesse agradecer-te
Pelo favor do desaparecimento
Mas prefiro agradecer à minha mente
Pela sabedoria do entendimento.
Ao tempo, por haver me poupado tempo.
Ao coração, por ser cada vez mais uma Fênix.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ode ao cupido-criança



A paixão é aquela coisa
Cujo sentido não se vê, não se percebe
Tampouco se explica.
Como tudo começou? Por que tudo começou?
Qual foi o anjo malvado
Que essa ideia absurda
No meu ouvido soprou?
E na mente incutiu
Uma teimosia insana
Que o coração aceitou
Feito um fantoche nas mãos
De algum anjo da paixão
Anjo, criança, cupido
Sem piedade, nem juízo
Que estava entediado
E meu coração mirou.
Resolveu brincar comigo
E agora, meu amigo?
Não fuja, corto tuas asas!
Volte e arrume essa bagunça
Trate de limpar teu erro
E depois voe pra longe
Procure outro coração
Que este aqui já se fechou.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Enigma


Chame como quiser:
covardia,
falta de noção,
renunciar à razão.

Faça o que bem entender
Com qualquer informação
Com a sua impressão.

Só não ouse ter certezas
Quando eu também não as tenho.

Não me venha com respostas 
Quando eu não fiz as perguntas.

sábado, 12 de outubro de 2013

Criança



Não devo passar disso:
Uma criança mimada
Distraída
Teimosa
Mal acostumada

[As noites frias que o digam]

O céu nublado é testemunha
Dessa pseudo-tristeza
De quem queria que tudo
Ocorresse do seu jeito

São manias e caprichos
Que já nasceram comigo
É meu pesar, minha sina
É meu defeito

[de fabricação]


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Montanha Russa


Eu estava em paz
E o mundo estava no lugar
Eu achava que tinha controle
A doce ilusão de ter as rédeas
Mas é difícil ser dona
D'um coração inquieto.
Por que não sossega?
Por que não se conforma com a paz de estar só?

Eu queria compreender
O motivo pelo qual
Estar tranquila me incomoda
E a paz não satisfaz.
Seria muito mais fácil
Se a rotina me bastasse
Se o coração se acalmasse
E permanecesse quieto
Sem ser criança teimosa
A procura do perigo.

Seria muito mais simples
Ser comum, se contentar
Ficar quieta, no lugar
Pra lidar melhor comigo.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sonhos que se acabam ao amanhecer

E eu sei que nunca mais irei te ver
Como sonhos que se acabam ao amanhecer
Passou, acabou, não volta mais
Compreenda, é decisão: não volto atrás.
Se doer, se machucar, é transitório
Assim como o mais simplório
Dia após o outro.
Não é o fim: é recomeço
É outra vida
Dentro da vida em que, por vezes,
As coisas findam.
Valeu a pena
Foi bom enquanto
Tinha que ser
Mas tudo finda, mas tudo muda,
Mas tudo passa...
Como sonhos que se acabam ao amanhecer.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Recanto



Eu bem queria entender
O que acontece comigo
Na ânsia de me encontrar
Me perco no labirinto
De todas as minhas faces,
De todos os meus 'eus'
De tudo aquilo que sinto.
Eu bem queria controlar
O que acontece comigo
Mas é nas idas e vindas
De um coração sem destino
Que se perde no caminho
 E sempre volta pra casa
Mais forte, sábio talvez
Com alguma lucidez
Submerso na loucura
De alguém que se atreve a ir
Pra onde bem entender 
Que sempre sei onde estou
Que me perco e que me encontro
E sou meu melhor abrigo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Brega


 
Isso da vida
Ida, volta e vinda
Tem chão ainda , recaídas.
Quantas coisas: casas , brasas;
Quanto amor em tudo sempre , chororô e a dor de dente.

Te amei várias vezes num ano e seis meses, na balada profunda de uma mpb: poemas, lençóis e “vou te ver” .

Um longa metragem na segunda parte
quase no final feliz
Faltou um triz. 

  Neusa Doretto

Amor



Amor, então,

também, acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.

Paulo Leminski