quinta-feira, 1 de julho de 2010

Alheia


Não me peça pra entender a infâmia
de quem se alegra com o 'desafio' de um desprezo concedido.
Não me peça pra entender a estupidez por trás do orgulho
que por vezes eu também trago comigo.
Não me diga que tenho que aceitar
pois essa palavra não cabe nos meus anseios.
Não me diga que meus esforços não serão recompensados
Porque isso não fará com que eu deixe de tentar.
Ainda que o silêncio esteja fora da minha compreensão
Ainda que as respostas não estejam
ao alcance das minhas mãos
E muito embora deduções não sejam precisamente meus dons,
Eu continuo.
Se essas máscaras já não me servem, eu me desfaço.
Se o que desejo é evidente, eu não disfarço.
E ainda que me desfaça, serei forte.
Forte o suficiente pra retomar o caminho
e juntar os pedaços.
Só não ouse querer que eu enterre minha essência.
Não quero me igualar: eu não me adapto.Não me peça pra entender esse mundo mediano
Do qual eu sei que nunca fui parte,
Do qual desde sempre estive distante,
E no qual minhas partes jamais caberiam
Porque ele é limitado demais...

4 comentários:

Deftones disse...

Um blog novo, só para poemas? É bem-vindo. Gosto muito desses nomes que tu usa nos blogs, remetendo à introspecção, à misantropia... este nome, Versos Clandestinos: muito bom! A poesia que abre também, indignada e altiva. Acho que arte serve para isso mesmo, para nos afirmarmos enquanto personalidade distinta, autônoma. Eu gostei...

Alessandra Santos disse...

Gostei muito do seu texto e do visual do blog. Bem bacana, de verdade.

Interessante a relação que você faz entre o mundo e um eu. É como se não fizesse parte dele, mas o é. E a ideia de mudança contínua escrita de uma forma tão bonita.

Tão auto-reflexivo, sensível e inteligente.

Que bom que encontrei teu blog.

:)

Anônimo disse...

Sei que este mundo é realmente limitado para comportar a dimensão de suas inquisições...
Mas continue!
Eu poderia passar uma tarde inteira tomando chá de flores e as ouvindo.
Estamos todos juntos dentro dessas dúvidas, E precisamos mesmo de uma alma vigorosamente questionadora para nos tirar da superfície visível na qual estamos acomodadamente imersos.

P.S. O silencio É a sua compreensão.
Um abraço cheio de carinhoso.

Luzia Medeiros disse...

''Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.".. (Clarice Lispector) Adoro Clarice!

Eu não caibo em mim, as vezes tenho a impressão de que minha alma vive fora do corpo, que ela é grande, e voa longe, distante... Mari seus poemas são inspiradores, que ao comentar faço outros... e esse é um retrato de alguns dias que passo. Meu blog é novo, os dois são. Não divulguei muito. comecei em Junho/10. Bjão =)